Ações integradas entre secretarias buscam garantir o retorno seguro de cidadãos aos seus lares, com acolhimento, escuta qualificada e preservação da dignidade
Entre os dias 1º e 8 de maio, a Prefeitura de Maricá deu um importante passo no cuidado com pessoas em situação de rua. Em uma força-tarefa que envolveu as secretarias de Assistência Social e Cidadania, Governo e Segurança, 17 pessoas foram encaminhadas de volta às suas cidades de origem, num movimento que vai muito além da simples locomoção: trata-se de um gesto de escuta, acolhimento e dignidade.
Dessas 17 pessoas, quatro retornaram a Brasília, três para São Paulo, duas para Minas Gerais, uma para o Espírito Santo, uma para o Rio Grande do Sul, uma para a Paraíba e outras cinco para municípios do próprio estado do Rio de Janeiro. Cada caso foi tratado com atenção individualizada, respeitando o desejo e a história de vida de cada pessoa envolvida.
“O que realizamos é um trabalho profundamente humano. Ninguém é forçado a retornar. O que fazemos é ouvir, compreender e oferecer caminhos para que essas pessoas possam, se quiserem, recomeçar com o apoio da família ou de uma rede de acolhimento em sua cidade natal”, explicou o secretário de Assistência Social e Cidadania, José Carlos Azevedo.
Um recomeço possível
Um desses casos é o de Matheus dos Prazeres, de 26 anos. Desempregado, sem documentos e vivendo nas ruas, ele expressou o desejo de reencontrar a família em Brasília. Com o apoio das equipes sociais, um boletim de ocorrência foi registrado para resolver a questão da documentação. A partir disso, Matheus pôde passar uma noite no abrigo e, no dia seguinte, embarcou com destino à capital federal. “A família o aguardava com ansiedade. É emocionante ver esse tipo de reencontro se concretizando”, relatou Dayse Almarindo, subcoordenadora do Centro Pop.
A política pública que transforma realidades
Para Rebeca Azevedo, coordenadora de Alta Complexidade da secretaria, a ação vai muito além da logística. “O recambiamento é um instrumento técnico que permite, com planejamento e responsabilidade, reinserir essas pessoas em um novo ciclo de vida. Antes de qualquer deslocamento, há um processo de escuta e preparação, além da articulação com os serviços de assistência social no destino. Não se trata de apenas colocar alguém num ônibus, mas sim de dar suporte para um verdadeiro recomeço”, afirmou.
Em todas as etapas do processo, o princípio é o mesmo: respeito à vontade da pessoa atendida. “Cada decisão é tomada junto com ela, nunca por ela”, completou a coordenadora.
Um exemplo de cuidado público
A atuação da Prefeitura de Maricá mostra que é possível desenvolver políticas públicas eficazes, humanas e respeitosas. A cidade tem demonstrado que lidar com a vulnerabilidade social exige mais do que ações emergenciais – requer empatia, escuta e compromisso com a dignidade de cada ser humano.