Ação integrada entre secretarias municipais encaminha 27 pessoas para abrigo, oferecendo mais que um teto, mas um recomeço
Em uma noite fria de segunda-feira (05/05), as ruas do Centro de Maricá foram palco de uma importante operação de acolhimento. Enquanto muitos se preparavam para dormir em suas casas, equipes da Prefeitura Municipal iniciavam uma abordagem diferenciada junto a pessoas que fazem das calçadas e praças seu local de descanso noturno.
Uma nova chance para quem vive nas ruas
Longe de ser apenas mais uma operação de retirada, a ação desenvolvida pela Secretaria de Assistência Social e Cidadania conseguiu encaminhar 27 pessoas para a Casa Abrigo Ernani Gomes Duarte, em Araçatiba. Ali, muito mais que um colchão ou um prato de comida, foi oferecida uma oportunidade real de mudança de vida.
“Eu fui muito bem abordada pelos agentes e trabalhadores. Estou no abrigo e recebi uma cama, roupas de banho e comida. Tudo isso com muito cuidado e respeito. Gostei muito, pois estava passando frio nessas noites”, compartilhou Sônia, uma idosa que antes da abordagem dormia na Rodoviária do Povo, em Maricá.
O relato de Sônia não é um caso isolado. Ele reflete o resultado de uma abordagem pensada para preservar a dignidade e abrir portas para quem, muitas vezes, não enxerga mais saídas.
Assistência social que vai além do básico
Para José Carlos de Azevedo, secretário de Assistência Social, as ações integradas como esta serão intensificadas. “Aqui fazemos assistência social com cidadania! A abordagem humanizada é essencial. Não se trata apenas de oferecer abrigo, mas de construir vínculos e resgatar a dignidade”, enfatizou.
Esta visão ampliada do trabalho socioassistencial mostra que o município está alinhado com as mais modernas concepções de atendimento à população em situação de rua. Não basta retirar as pessoas das ruas – é preciso criar condições para que elas não precisem voltar para lá.
Trabalho em rede que multiplica resultados
Um dos diferenciais da operação foi a participação conjunta de diversas secretarias: Assistência Social e Cidadania, Políticas para a Terceira Idade, Pessoas com Deficiência, Segurança Cidadã, além da Polícia Militar. Esta integração permite um olhar multidimensional sobre cada caso.
“É um trabalho conjunto das áreas de assistência, saúde e trabalho, buscando oferecer acolhimento e reintegração familiar. Essa união é essencial para enfrentar essa questão complexa de forma completa em Maricá”, explicou Simone Almeida, subsecretária de Assistência Social e Cidadania.
Para entender melhor a estrutura oferecida, os secretários envolvidos na ação visitaram as Casas de Acolhimento. Entre eles estava Arlen Pereira, secretário executivo de Gestão de Governo, que não escondeu sua impressão positiva:
“Essas ações reforçam o compromisso da Prefeitura com os munícipes e com quem precisa, ainda mais quando temos várias secretarias unidas com o mesmo propósito. A atuação integrada entre as secretarias é fundamental para garantir uma resposta eficaz, humanizada e contínua às pessoas em situação de rua”, ressaltou.
Segurança com humanidade
Uma perspectiva importante foi trazida pelo secretário de Segurança Cidadã, Júlio Veras: “A integração entre as secretarias é fundamental. Pessoas em situação de rua precisam de acolhimento e proteção, não de abordagem policial”.
Esta declaração representa uma mudança significativa na forma como os agentes de segurança atuam junto à população vulnerável. Em vez de criminalizar a pobreza, a abordagem busca compreender as múltiplas causas que levam alguém a viver nas ruas.
Construindo novos caminhos
Ao passar pela Casa Abrigo Ernani Gomes Duarte, os acolhidos recebem muito mais que um espaço para dormir. São orientados sobre como acessar serviços socioassistenciais e recebem apoio humanizado para sua reinserção social. Muitos deles vêm de histórias de rupturas familiares, desemprego, dependência química ou transtornos mentais não tratados.
Para cada caso, uma avaliação cuidadosa é realizada. Alguns poderão ser encaminhados para tratamentos de saúde, outros para cursos profissionalizantes ou para programas de habitação. O objetivo é que a passagem pelo abrigo seja apenas temporária e que novas possibilidades se abram.
Um modelo que inspire outras cidades
A experiência de Maricá mostra que é possível desenvolver políticas públicas eficazes para a população em situação de rua. O acolhimento humanizado, com respeito à autonomia e às histórias de vida de cada pessoa, tem se mostrado muito mais eficiente que abordagens meramente punitivas ou assistencialistas.
À medida que essas ações se tornam mais frequentes e integradas, a expectativa é que o número de pessoas vivendo nas ruas diminua progressivamente, não por serem “removidas” do espaço urbano, mas por encontrarem alternativas dignas para reconstruir suas vidas.
Para as 27 pessoas encaminhadas nesta operação, uma noite de maior conforto pode ser apenas o começo de uma trajetória de recuperação da cidadania e da autonomia. E isso vale muito mais que qualquer estatística.
Texto jornalístico com informações da Prefeitura de Maricá
Foto: Divulgação

