Foto: Elsson Campos
Projeto Prosas Pedagógicas promove troca de saberes e marca o aquecimento para a 10ª edição da Festa Literária Internacional de Maricá
Foi com um olhar sensível e cheio de ancestralidade que Maricá deu início à contagem regressiva para a 10ª edição da Festa Literária Internacional da cidade, a tão aguardada FLIM. Nesta quarta-feira (16), o auditório ao lado do Fórum, em Araçatiba, recebeu o primeiro encontro do “Prosas Pedagógicas”, um ciclo de diálogos mensais que promete aquecer as ideias e os corações rumo ao grande evento literário que acontece em setembro.
A estreia contou com a presença do escritor, professor e ativista Daniel Munduruku, que trouxe à tona reflexões poderosas sobre a importância da cultura indígena na formação das crianças e o enfrentamento do preconceito nas escolas.
Com seu jeito acolhedor de contar histórias e provocar pensamentos, Daniel convidou educadores da rede municipal, estudantes universitários de Pedagogia e jovens do coral Talentos da Gamboa a enxergar o mundo a partir do olhar indígena. Segundo ele, mais do que ensinar sobre os povos originários, é preciso ensinar com eles — trazendo suas visões, valores e modos de vida para dentro da sala de aula.
“Não se trata de inferioridade, mas de um outro jeito de existir no mundo. Quando os professores compreendem isso, tornam-se aliados no combate ao preconceito e no cultivo do respeito à diversidade”, destacou Munduruku, autor de livros premiados como “Histórias de Índio” e “Meu Avô Apolinário”.
O projeto, idealizado pela Secretaria de Educação de Maricá, busca fomentar discussões relevantes não apenas para o ambiente escolar, mas para a construção de uma sociedade mais empática e consciente. De acordo com o secretário de Educação, Rodrigo Moura, o intuito do Prosas Pedagógicas é criar momentos de escuta ativa e troca genuína de experiências.
“Esses encontros não são palestras formais. São conversas, prosas mesmo, onde todos aprendem e ensinam. Queremos abrir espaço para ideias que nos ajudem a transformar realidades”, afirmou Moura.
A conversa também contou com a presença inspiradora de Martinha Mendonça, educadora da rede municipal, diretora de escola indígena e representante da etnia Guajajara. Ela ressaltou como a presença de Daniel é essencial para desmistificar visões equivocadas sobre os povos originários.
“A cultura indígena não é ficção. A sabedoria da floresta, os saberes das ervas, os modos de vida… tudo isso está vivo. Em Maricá temos duas aldeias Guarani Mbya, e é essencial que nossas crianças cresçam entendendo e valorizando essa diversidade”, explicou Martinha.
A abertura do projeto também foi acompanhada por representantes da sociedade civil, como o vereador Hadesh e o presidente da União Maricaense dos Estudantes (UMES), Vitor Nunes, reforçando o caráter coletivo e transformador da iniciativa.
Próxima parada: Djamila Ribeiro e as narrativas de resistência
No sábado (17), a programação da pré-FLIM segue no ambiente virtual com uma convidada ilustre: a filósofa e escritora Djamila Ribeiro. Em um webinário transmitido ao vivo pelo canal oficial da Secretaria de Educação de Maricá no YouTube, Djamila trará reflexões sobre o tema “Narrativas de Resistência – O Papel da Educação na Construção de Identidades”.
Autora de best-sellers como “Pequeno Manual Antirracista” e “Quem Tem Medo do Feminismo Negro?”, Djamila é uma das vozes mais influentes da atualidade quando o assunto é justiça social e representatividade. Seu encontro promete ampliar ainda mais o debate e inspirar professores e estudantes a ocuparem com coragem seus lugares de fala.
🔗 Assista ao webinário pelo canal: @educacaomaricaoficial
Fotos: Elsson Campos

