Como um simples desejo de sentir a maresia transformou a recuperação de um jovem paraplégico no Hospital Conde Modesto Leal
Há certos momentos na vida em que pequenos gestos ganham proporções gigantescas. Foi o que aconteceu com Jean Marins Augusto, um jovem de 27 anos que recebeu alta do Hospital Municipal Conde Modesto Leal, em Maricá, na sexta-feira (04/04). Não foi uma alta comum. Foi celebrada com festa no corredor, palavras de carinho e o coração cheio de gratidão.
A luta diária de um guerreiro
A história de Jean não é fácil. Ele se tornou paraplégico há quatro anos, consequência de uma bala perdida que mudou sua vida para sempre. Recentemente, precisou enfrentar uma nova batalha: uma infecção bacteriana grave que exigiu cirurgia plástica e cuidados intensivos. Após quase dois meses internado, ele finalmente pôde voltar para casa.
“Só tenho a agradecer aos profissionais pela assistência”, compartilhou Marilene Marins, mãe de Jean e moradora de Itapeba, com os olhos marejados. “Foi uma alegria ele receber uma homenagem pela alta. Todos foram muito gentis, inclusive ao atenderem o pedido dele de ir à praia.”
O projeto que humaniza a saúde
O que tornou essa internação diferente foi o projeto “Pedido Especial”, uma iniciativa da Secretaria de Saúde de Maricá. O programa busca humanizar o atendimento na rede pública. Durante sua estadia no hospital, Jean expressou um desejo aparentemente simples: sentir novamente a brisa e a maresia da praia de Ponta Negra. Para muitos seria trivial. Para ele, representava reconexão com a vida.
A equipe do hospital não hesitou. Em março, uma operação foi montada com apoio da Defesa Civil para levar Jean até a praia. O impacto desse momento foi tão profundo que acelerou sua recuperação.
Avaliação rigorosa e resultados surpreendentes
O projeto “Pedido Especial” não é apenas uma iniciativa de marketing institucional. É um trabalho sério que envolve uma avaliação multidisciplinar rigorosa. Médicos, nutricionistas, psicólogos e enfermeiros analisam cada caso para determinar se o paciente tem condições de realizar seu desejo.
“Realizar os desejos de pacientes com internação prolongada, por mais simples que pareçam, gera impactos positivos no tratamento”, afirmou Marcelo Velho, secretário de Saúde de Maricá. “Isso fortalece o bem-estar dentro das possibilidades de cada paciente.”
Andréia Vasconcelos, coordenadora do serviço social do Hospital, explica o impacto do projeto. “Nosso intuito é amenizar o período de internação, tornando esses momentos menos angustiantes. Jean explicou como a visita à praia ajudou para que se mantivesse tranquilo e aceitasse melhor os cuidados propostos.”
Uma jornada de desafios e superação
A jornada de Jean no hospital foi desafiadora desde fevereiro. O diretor médico Thiago Sugimoto explica: “O paciente enfrentou um quadro de saúde complexo. Realizamos todos os esforços para proporcionar o melhor tratamento. Ver o Jean seguindo para uma nova etapa nos enche de orgulho e reforça nossa missão: cuidar com excelência, acolhimento e humanidade.”
A partir de agora, Jean continuará recebendo assistência em sua residência através do programa Melhor em Casa. Sua história lembra que mesmo nos corredores assépticos de um hospital, há espaço para gestos que transformam tratamentos em jornadas de esperança.
O poder da humanização na medicina
Esta história real nos faz refletir: quantas vezes esquecemos que por trás de cada paciente existe uma pessoa com sonhos e necessidades que vão além dos medicamentos? O caso de Jean em Maricá mostra que quando saúde e humanização caminham juntas, os resultados podem surpreender até os mais céticos.
Pequenos desejos atendidos podem significar grandes avanços na recuperação. A experiência de Jean prova que o cuidado verdadeiro vai além de medicamentos e procedimentos técnicos. É sobre reconhecer a humanidade em cada paciente e tratá-lo com dignidade, mesmo nos momentos mais difíceis.
